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HIV, Da Possibilidade à Aceitação: Terapeuta e Paciente Frente ao Diagnóstico

16 de Abril, 2025 . Dissertações Igor Francês

Entramos na quarta década da epidemia da aids, e mesmo com todo o avanço do conhecimento científico acerca do tratamento, que proporcionou uma ampliação da qualidade e do tempo de vida das pessoas portadoras do vírus, ainda estamos imersos em um grave problema de saúde pública. Com a advento da aids, uma nova dimensão simbólica adentrou o campo das práticas sexuais. Tema tabu, ainda na sociedade contemporânea, a sexualidade ainda mantém sua estreita relação com o conteúdo éticomoral de nossa sociedade [judaico-cristã]. Uma nova e abrangente ameaça de morte vinculou-se às práticas sexuais, potencializando, no imaginário social sobre a doença, a equação aids igual à morte. Ao prazer de se fazer sexo, somou-se o risco de contaminação e morte em larga escala. Este trabalho pretendeu pensar a (des)fragmentação de um sujeito marcado pelo diagnóstico de aids, ao articular as noções de angústia, desamparo e trauma no interior da obra freudiana, buscando com isso entender o impacto diagnóstico, que mergulha paciente e terapeuta num mar de desconhecidos. Dessa forma, procurou-se analisar a hipótese de que o diagnóstico de HIV/aids, com todo o seu impacto subjetivo, apresenta-se como um evento traumático, ao colocar o paciente em situação de angústia, reatualizando a condição humana de desamparo. Ainda assim, é possível pensar que esse evento catastrófico pode ser ressignificado. Dessa forma discutiu-se a necessidade de ser pensado dispositivo que dê suporte a essa elaboração da cena traumática, usando a análise de um caso clínico. A prática clínico-psicológica no hospital geral serviu-me como base metodológica. Apoiado no referencial psicanalítico, esta foi uma proposta de trabalho fundamentada no estudo de caso, utilizado a partir do método clínico, já que é no curso de um tratamento que se configuram, ao mesmo tempo, a intervenção terapêutica e a pesquisa. Vemos, nesse trabalho, o relato de alguém que mergulhou no mais profundo dos infernos dantescos e, que, encontrando seu virgílio, trilhou o próprio caminho e se dirigiu a uma saída.

Autor(a)

Igor Francês

Orientador(a)

Dra. Ana Cleide Moreira

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2011