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Resistência Bordada: As Arpilleras das Mulheres Atingidas Por Barragens

15 de Abril, 2025 . Teses Jéssica Modinne de Souza e Silva

Falar sobre as mulheres que não residem em áreas urbanas parece se equiparar a um pedido de silêncio em alguns espaços. O apagamento trazido por esta práticas homogeneizantes coaduna com o não dito, com o que deve ser calado. Em vista dessas problematizações, questiona-se: os saberes das mulheres, que não são parte de lutas feministas de características urbanas, não possuem valor para as lutas feministas que se constituem na Amazônia e para além dela? É possível pensar em um feminismo à brasileira? E em um feminismo amazônico que privilegie o nosso território como centro dos debates? Para quais corpos esses feminismos se dobram nas dinâmicas de reconhecimento da heterogeneidade? Para pensar nestas questões, proponho como foco as atividades artesanais das mulheres atingidas por barragens devido ao teor profundamente territorial e comunitário de seus trabalhos com as arpilleras. Esta pesquisa buscará construir uma analítica sobre a(s) violência(s) contra a mulher(es) narrada(s) pelas integrantes do Movimento de Atingidos por Barragens através dos bordados que compõem a exposição “Arpilleras – Bordando a Resistência”. Para tanto, aponto como objetivos específicos: 1) esquadrinhar a história da construção do Movimento de Atingidas(os) por Barragens – MAB, sobretudo em sua ala formada por mulheres; 2) esquadrinhar a história que compreende a confecção de Arpilleras na América Latina; 3) problematizar a relação entre a colonialidade, corpo-território e a produção de violência narrada pelas mulheres do MAB. Para subsidiar tais objetivos, farei uso das perspectivas metodológicas da Arqueogenealogia foucaultiana e da Cartografia de Gilles Deleuze e Félix Guattari, mirando, paralelamente, na História Cultural e na sua relação com pesquisa documental. O Brasil é o país da América Latina com maior extensão e com uma das maiores pretensões de se achar em condições de aplicar estratégias econômicas de outros contextos sócio-históricos. As vivências que atravessam as narrativas das arpilleras se constroem no bem-viver e na militância política. As violências que sofrem são frutos de políticas neoliberais e de colonialidade de seus corpos-territórios, portanto, de relações capitalistas que fragmentam e enquadram suas vidas em uma série de precariedades.

Autor(a)

Jéssica Modinne de Souza e Silva

Orientadores(as)

Dolores Cristina Gomes Galindo

Flávia Cristina Silveira Lemos

Dolores Cristina Gomes Galindo

Flávia Cristina Silveira Lemos

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2018