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Psicoterapia Gestáltica de Grupo Com Casais em Situação de Violência Conjugal

14 de Abril, 2025 . Teses Kamilly Souza do Vale

Este estudo investiga a violência conjugal vivenciada por casais heterossexuais. Adota como método a psicoterapia gestáltica breve, em grupo, para realização de uma intervenção clínica para o enfrentamento de uma situação coletiva problemática, cuja incidência no Brasil tem sido combatida pela sociedade civil, sobretudo, após a publicação da Lei Maria da Penha. A tese defendida é: para que os casais construam formas de se relacionar que incluam atitudes de cuidado e reconhecimento ao outro e, assim, priorizem a comunicação dialógica, é necessário que a intervenção clínica seja fundamentada nos estudos dos processos de subjetivação degênero. O estudo se configura como uma pesquisa-intervenção, pelo fato de a pesquisadora e os envolvidos na situação desempenharem um papel ativo na compreensão e busca de formas de super ação do problema proposto. A base epistemológica fundamenta-se na hermenêutica do discurso, inspirada nas obras do filósofo Paul Ricouer, para quem a compreensão do fenômeno, da narrativa e da alteridade se dá pelo desvelamento do mundo subjetivo inscrito nos textos. Desse modo, procura-se captar os sentidos habituais e os possíveis, contidos na linguagem e na narrativa dos casais. A coleta de dados foi realizada no Núcleo Especializado de Atendimento ao Homem em Violência Doméstica e Familiar da Defensoria Pública do Pará, com 3 casais, cujos homens foram sentenciados por violência doméstica. Nos procedimentos da pesquisa, vale-se do método clínico gestáltico para estruturar a psicoterapia de grupo, destacando o manejo da responsabilidade pessoal e do casal; o cuidado interpessoal, e a awarenesss dos vínculos conjugais, combinado a transcrição de trechos das sessões gravadas em áudio; a leitura e releitura do material e a criação das unidades de significado. A análise dos discursos apreendidos nos recortes dos textos evidencia a compreensão hermenêutica. Os resultados da pesquisa demonstram que, no cotidiano, os conflitos conjugais aconteciam diariamente; não havia espaço para o diálogo; os modos diferentes de existir dificultam a convivência entre ambos; as questões financeiras e formas de solucionar conflitos sempre terminavam em possibilidade de separação. A intervenção clínica contribuiu para a revisão, pelos casais, de seus processos de subjetivação; os casais perceberam a importância de incluir no seu cotidiano a criação de atos de solidariedade e apoio mútuo. Conclui-se que a psicoterapia no modelo breve em grupo é uma potente ferramenta para que os casais obtenham um melhor relacionamento interpessoal e uma comunicação dialógica.

Autor(a)

Kamilly Souza do Vale

Orientador(a)

Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2014