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Sociabilidades Ribeirinhas, Reciprocidade e Moralidade no Marajó: A Vida Entre Balsas e Beiras

8 de Abril, 2025 . Teses Leonildo Nazareno do Amaral Guedes

Esta tese, intitulada “Sociabilidades ribeirinhas, reciprocidade e moralidade no Marajó: a vida entre balsas e beiras”, objetivou analisar as construções morais de mulheres ribeirinhas acerca das sociabilidades com tripulantes de balsas que navegam nos rios do Arquipélago de Marajó. Os procedimentos teórico-metodológicos ancoraram-se na análise situacional como método, e com a realização de entrevistas semiestruturadas, conversas informais e formais na cidade e em uma escola do campo do município de Breves-PA, incluindo análise do corpus bibliográfico disponível sobre os temas relacionados ao contexto das sociabilidades em balsas. Essa escolha metodológica justificou-se na medida em que foi o método e as técnicas que mais se ajustaram ao problema de pesquisa e à especificidade da coleta de dados em campo. No tocante ao método de investigação, foi necessário discorrer sobre algumas questões éticas relacionadas à escrita do trabalho e à preocupação com as implicações da pesquisa para os(as) interlocutores(as). Os resultados evidenciaram a existência de sociabilidades entre tripulantes de balsas e muitos ribeirinhos (homens, mulheres, jovens e adolescentes) ao longo de algumas décadas, especialmente a partir de 1970, com a criação da Zona Franca de Manaus, ocorrendo a intensificação desses relacionamentos a partir de 1990, motivada por fatores conjunturais que implicaram em mudanças na economia brasileira e na cultura ribeirinha marajoara. Os relacionamentos de mulheres ribeirinhas e tripulantes das balsas se fundaram em um sistema de dádivas constituídas por bens materiais e simbólicos, dentre os quais o óleo diesel, alimentos frescos, cerveja, cigarros, dinheiro, presentes, apoio financeiro, projetos de melhoria de vida, ampliação dos laços familiares para o interior das balsas, de forma prática ou discursiva/simbólica. As construções discursivas de mulheres ribeirinhas pautaram-se por um forte compromisso com a moral, sobretudo da família tradicional, ao lançar mão de valores como casamento, fidelidade, confiança, reciprocidade, para dar sentido a seu trabalho fora do lar e aos seus relacionamentos afetivos. Por fim, destacamos que a expansão do capital financeiro através do comércio global tem operado mudanças nos processos de constituição de uma realidade social ribeirinha em Marajó.

Autor(a)

Leonildo Nazareno do Amaral Guedes

Orientador(a)

Fabiano de Souza Gontijo

Curso

Antropologia

Instituição

UFPA

Ano

2018