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Homem de “Sciencias” no Vale do Amazonas: Etnografia no Rio Tapajós e a Busca por Reconhecimento do Naturalista João Barbosa Rodrigues (1872-1909), Um

4 de Abril, 2025 . Dissertações Cláudio Lísias Moreira Ximenes

A dissertação analisa aspectos da trajetória intelectual e profissional do naturalista brasileiro João Barbosa Rodrigues (1842-1909). Iniciada em 1872, o cientista foi comissionado pelo Governo Imperial para chefia da “Comissão de Exploração do vale do Amazonas” a fim de proceder estudos a respeito da flora e da população indígena da região. Como resultado, produziu vasta documentação botânica iconográfica, recolheu inúmeros artefatos arqueológicos, registrou o contato com diversos povos indígenas e publicou variados trabalhos, entre estes, 5 relatórios relativos aos rios que visitou entre 1872 e 1875: o Tapajós, o Urubú e Jatapú, o Trombetas, o Yamundá e o Capim. Nesta dissertação, iremos analisar a sua primeira viagem de exploração, realizada no Baixo e Alto Tapajós, no Baixo-Amazonas. Nesse rio, o naturalista realizou investigações etnográficas, discorreu sobre assuntos os mais variados como a origem dos “antigos Tapajós” e registrou características particulares dos sobreviventes do processo de colonização, entre eles os Apiaká, os Parintintim, os Mawé e os Munduruku. A partir de seus relatórios, assim como inúmeras outras publicações e fontes impressas, como jornais, revistas científicas, documentos governamentais, entre outros, tentamos reconstruir suas primeiras incursões no meio científico e político da época, sua aproximação com personalidades que o apoiariam em suas empreitadas – caso de Guilherme Schüch de Capanema, barão de Capanema (1824-1908) e da própria Princesa Isabel (1846- 1921) –, seu esforço para ser reconhecido como homem de “sciencias” tanto no Brasil como no exterior, além de sua associação, em 1876, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). O discurso “civilizatório” dessa instituição moldou suas reflexões, levando-o a pintar (literalmente) o indígena brasileiro como um ser primitivo, mas inventivo, afetuoso, habilidoso, aberto ao progresso, enfim. À documentação primária e à narrativa historiográfica, somou-se um aporte teórico a partir da análise do discurso de Mikhail Bakhtin (2002), entre outros autores que se dedicaram ao testemunho datado sobre o “outro”, possibilitando um olhar mais acurado da escrita de Barbosa Rodrigues.

Autor(a)

Cláudio Lísias Moreira Ximenes

Orientador(a)

Filipe Pinto Monteiro

Curso

História

Instituição

UFPA

Ano

2020