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Dalcídio Jurandir: Leitor e Criador de Personagens-Leitores no Ciclo do Extremo Norte

5 de Junho, 2025 . Teses Regina Barbosa da Costa

O presente estudo objetiva analisar a proposta literossocial de Dalcídio Jurandir (1909 – 1979) quanto à elevação da condição social, por meio da cultura. Para isso, o escritor agregou realidade social e estética literária, expondo-as nos livros que compõem o Ciclo do Extremo Norte (1939 – 1978). Nesse projeto, o escritor deixou rastros a serem seguidos, o que resultou na investigação das práticas de leitura realizadas por personagens-leitores. No intuito de desvendar as leituras fictícias dos personagens, foi preciso adentrar no arquivo pessoal do escritor e conhecer o espólio cultural que o fez um grande leitor. Desta forma, a pesquisa traz um novo olhar sobre a produção ficcional do escritor, posto que, a partir das leituras dos personagens-leitores, foi possível recuperar textos de grande sucesso, que circularam na região amazônica, no início do século XX, mas que ficaram adormecidas, durante muito tempo, em estantes, livreiros, sebos, leiloeiros, bibliotecas físicas e virtuais. Esta pesquisa foi dividida em seis seções, para contemplar os dez livros do ciclo do Extremo Norte, com um prólogo, que apresenta um painel sobre a questão do desenvolvimento de projetos de pesquisa na região Norte, e as produções literárias do escritor Dalcídio Jurandir. Nas “Trilhas de leitura de Dalcídio Jurandir” terão destaque “As Imagens da biblioteca sem muros de Dalcídio Jurandir” com um detalhamento sobre os produtos culturais adquiridos pelo escritor. No tópico teórico acerca das “Leituras, leitores, personagens e personagens-leitores” serão demonstradas as produções de pesquisadores que trabalham essa temática nas mais diversificadas áreas de estudos. A análise dos livros do ciclo do Extremo Norte será agrupada em dois núcleos: um rural e outro urbano. O núcleo rural será analisado na terceira seção, e o urbano na quarta e quinta seções. O primeiro núcleo contempla os livros de ambientação na ilha do Marajó: Chove nos campos de Cachoeira, Marajó e Três casas e um rio, com a representação de uma comunidade de leitores numa ilha não hegemônica em relação à capital do estado do Pará. Na quarta seção, serão considerados os livros do núcleo urbano intitulados: Belém do Grão-Pará, Passagem dos Inocentes e Primeira Manhã, que apontam para a “desagregação de leitores num horizonte em ruínas”. Nesta seção, o romance Belém do Grão-Pará será evidenciado por focalizar as áreas centrais da cidade de Belém, sendo a periferia da cidade analisada em Passagem dos Inocentes e Primeira Manhã. Na quinta seção, ainda voltada para o núcleo urbano, as leituras são demonstradas num quadro terminal, em “O ciclo da Fênix no Extremo Norte”. Nesta seção, as imagens de aniquilamento de cidades, livros, leituras e estudos ficam evidenciados nos livros Ponte do Galo, Os Habitantes, Chão dos Lobos e Ribanceira, numa ambientação das leituras e da narrativa de maneira fosca e caótica, no entanto, no último livro, sutilmente emerge a ideia de renascimento dessa cultura antes fragilizada. O aporte teórico da pesquisa compreende os estudos realizados por pesquisadores pertencentes à História Cultural e História da Leitura, com destaque para Roger Chartier, que analisa o estudo da leitura como processo complexo e dinâmico, Carlos Reis e Antônio Candido no estudo das personagens, das estudiosas brasileiras Marisa Lajolo e Regina Zilberman, na análise da leitura e da figuração da leitura, além dos relevantes estudos realizados pela pesquisadora Marli Tereza Furtado sobre críticos e literários da obra do escritor Dalcídio Jurandir.

Autor(a)

Regina Barbosa da Costa

Orientador(a)

Marlí Tereza Furtado

Curso

Letras

Instituição

UFPA

Ano

2019