A memória constitui-se em elemento importante na poesia de Age de Carvalho, pois, como observado em muitos textos que compõem sua fortuna crítica, há uma realidade biográfica que funciona como ponto de partida para a construção dos poemas e que, ao aliar-se a recursos poéticos variados, desloca-se de seu compromisso com a realidade e transforma-se em matéria de poesia adquirindo grande potência polissêmica. Nesse contexto, percebemos no constante retorno ao passado a voz de um sujeito, o Eu que retém as lembranças que se associam, sobretudo, à busca por sua origem e identidade, enquanto sujeito que reflete seu lugar no mundo. Como aporte teórico do trabalho recorreremos à Blanchot (1997), em seus estudos sobre a natureza da linguagem poética, à Ricoeur (2007), Le Goff (1996) e Halbwachs (2006) sobre a memória, Freud e Lacan (2003) sobre o sujeito, enquanto ser dotado de um aspecto inconsciente, de modo a compreender como essa estrutura se relaciona à memória, e consequentemente, à criação poética. Como corpus, foram selecionados oito poemas dos três últimos livros do poeta: Caveira 41 (2003), Trans (2011) e Ainda: em viagem (2015), pois esses livros têm a memória como elemento importante aliado principalmente a temas poéticos como a amizade, a viagem, o exílio, a terra natal e a origem familiar, trazendo ao poema a presença de um sujeito ligado a questões ontológicas.
“Eu Intimo-Me A Reconhecer-Me Em Mim-Mesmo”: Sujeito e Memória na Poesia de Age de Carvalho
Jessica Daniele de Lavor Vieira
Orientador(a)
Mayara Ribeiro Guimarães
Curso
Letras
Instituição
UFPA
Ano
2019